TJSC tem um dos maiores e mais atualizados acervos de obras jurídicas do sul do Brasil
Data: 09/04/2024
São 40 mil livros e periódicos disponíveis para consulta
Ziraldo, o pai do Menino Maluquinho, dizia que “ninguém tem de tirar nota boa porque lê, ninguém tem de ser premiado porque lê. Ler já é o prêmio. Gostar de ler, a distinção”.
Falecido na sexta-feira (6/4), Ziraldo tinha razão, e sua frase merece ser lembrada de maneira especial nesta terça (9/4), Dia Nacional da Biblioteca, data importante para o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, guardião de um dos maiores e mais atualizados acervos de obras jurídicas do sul do país. São 40 mil livros e periódicos, incluindo também livros de literatura, filosofia e história de Santa Catarina entre outros temas.
A Biblioteca do Judiciário existe desde 1891, época em que o então denominado Superior Tribunal de Justiça de Santa Catarina funcionava na Casa da Câmara e Cadeia e Conselho da Intendência Municipal, em frente à Praça XV de Novembro, na capital. De lá para cá, a Justiça estadual teve oito sedes e a biblioteca, em todas elas, manteve-se aberta e ativa.
Mesmo com a atual reforma de suas dependências, iniciada em dezembro de 2023 e com previsão de término no segundo semestre deste ano, a biblioteca não suspendeu os serviços. Transferiu-se provisoriamente para a sala 23, no térreo da Torre II. Desde 1985, por sugestão de servidores, ela ganhou nome próprio e passou a se chamar Biblioteca Desembargador Marcílio Medeiros. Leitor assíduo, entusiasta da literatura e frequentador do espaço, o magistrado foi o responsável por permitir o acesso dos estudantes à biblioteca. E eles não pararam de vir.
Obras raras e obras atuais
Quem for atento, ao chegar à biblioteca pela primeira vez, se surpreenderá com a quantidade de obras atuais, recém-lançadas. A bibliotecária Cláudia Luciane Alves da Silva explica o método utilizado pela equipe: “Nós fazemos pesquisa diária nas editoras de direito, elencamos as legislações recém-modificadas, fazemos o levantamento de quais temas e autores estão em alta, acompanhamos as notícias sobre lançamentos de livros e, a partir daí, cruzamos as informações e escolhemos novos títulos”.
Para se ter uma ideia, somente em 2022 a biblioteca recebeu 627 novos exemplares, adquiridos ou doados. Se há tantos livros novos, há também obras antigas numa sala especial, com três mil exemplares raros do século 19 e início do século 20. Este é o segundo impacto que o usuário tem ao conhecer o local.
Há, entre essas obras, a coleção da legislação portuguesa de 1825. Deste mesmo ano, é possível encontrar o exemplar em francês de “Teoria das Penas e das Recompensas”, de Jeremy Bentham e Étienne Dumont. A sala é climatizada com temperatura de 18 ºC, possui controle da umidade do ar e também é protegida por portas que se abrem com manivelas.
Delivery de livros
Onde passado e presente convivem lado a lado, um complementa o outro e ainda sobra espaço para inovação. Uma delas é o serviço de delivery, o “DeLivros”, gestado durante a pandemia como forma de fomentar e facilitar o empréstimo dos livros e dos periódicos.
Magistrados e servidores efetivos ou comissionados, lotados no TJ e no Fórum, podem pedir por WhatsApp (48 3287-2444), pelo Teams ou por e-mail determinada obra, que será entregue na sala do requisitante.
Para manter a biblioteca em funcionamento durante a reforma, todos os livros anteriores a 2018 foram acomodados em centenas de caixas e levados para o Arquivo Central do Poder Judiciário catarinense, em Palhoça. Depois da reforma, eles retornam à biblioteca. Os mais recentes continuam à disposição dos leitores.
Mais visibilidade
“A partir do segundo semestre, Biblioteca e Museu estarão lado a lado, o que facilitará o acesso e a visibilidade de seus serviços e, assim, potencializará ainda mais a difusão e a preservação da memória institucional”, afirma o servidor Marcílio Bagatin Silva, chefe da Divisão de Memória e Biblioteca.
Com sede no TJ, a biblioteca tem setoriais em Araranguá, Tubarão, Orleans, Joinville, Chapecó e Academia Judicial. Para quem é movido pela curiosidade e gosta de ler, não há lugar mais fascinante do que uma biblioteca.
Não são apenas livros organizados em prateleiras, são séculos de conhecimento e de histórias, fruto do empenho de homens e mulheres unidos pela vontade de registrar e compartilhar conhecimento. “Sempre imaginei”, disse o escritor Jorge Luis Borges, “que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca”. Se ele estiver certo, Ziraldo acaba de aportar por lá, porque ele era, assim como o desembargador Marcílio, amante dos livros, do conhecimento e das histórias bem contadas.