O verdadeiro patrimônio de um escritório de advocacia
Data: 19/04/2023
Autoria: José Paulo Graciotti
Como todo negócio ou empresa, (palavra que os sócios de escritórios relutam em adotar, não sei porque), existe um elemento chave chamado de patrimônio que é em outras palavras o seu bem mais precioso.
Antes de mais nada gostaria de citar as definições já existentes deste negócio chamado escritório de advocacia:
- Oxford dictionary: “a business that is engaged in the practice of law”.
- Merriam-Webster dictionary: “a group of lawyers who work together as a business”.
- Macmillan dictionary: “company consisting of group of lawyers who provide legal advice and services”.
- Lawinsider.com/dictionary: “Law firm means a lawyer or lawyers in a law partnership, professional corporation, sole proprietorship, or other association authorized to practice law or lawyers engaged in a private or public legal aid or public defender organization, a legal services organization, the legal department of a corporation or other organization, or the attorney general, prosecuting attorney, law director, or other public office”.
Como todo negócio ou empresa, (palavra que os sócios de escritórios relutam em adotar, não sei porque), existe um elemento chave chamado de patrimônio que é em outras palavras o seu bem mais precioso e, novamente recorro aos dicionários para utilizar corretamente o conceito:
- Oxford dictionary: “set of economically appreciable assets, rights and obligations belonging to a person or a company
- The Handbook of International Financial Terms: “Any item owned or right possessed by a firm or individual which has an economic, commercial, or exchangeable value”.
- Merriam-Webster dictionary: the entire property of a person, association, corporation, or estate applicable or subject to the payment of debts; the items on a balance sheet showing the book value of property owned.
Nos balanços contábeis tradicionais, o patrimônio está normalmente associado a bens palpáveis, materiais e financeiros, tais como edifícios, máquinas, marcas (se for relevante) além do saldo financeiro entre capital mais direitos e menos deveres., mas quase nunca levam em consideração os ativos intangíveis.
Nos escritórios de advocacia e em outras empresas que prestam serviços intelectuais existem dois elementos que simplesmente não aparecem nos balanços e que são efetivamente aqueles que representam o real valor do negócio: as pessoas e o conhecimento acumulado! Poderíamos neste ponto também citar o patrimônio representado pela carteira de clientes, porém não devamos nos iludir pois, esses somente existem porque os integrantes os trouxeram e os atendem. Se estas pessoas não existissem esses clientes também não existiriam!
Imaginemos uma situação hipotética onde todos os colaboradores de um escritório não mais retornassem ao trabalho a partir de um determino dia o valor real desse negócio praticamente seria zero ou possivelmente negativo. Nesta situação, que Infelizmente não é tão hipotética assim, pois já ocorreu no ataque de 11 de setembro no WTC quando algumas empresas simplesmente sumiram pois todo o seu patrimônio (documentos, escritório e pessoas) for destruído no ataque.
Se esses dois elementos são aqueles de maior importância, porque são tão negligenciados?
Cada um desses elementos merece uma atenção especial e um estudo / projeto individualizado para cada tamanho e tipo de escritório de modo a adaptá-lo à filosofia empresarial existente e lembrando sempre que o objetivo final e principal é aumentar a eficiência e competitividade do negócio. Cito a seguir, muito brevemente, alguns cuidados que devem ser tomados.
O ponto mais importante diz respeito à gestão de talentos, com a adoção de uma politica agressiva de atração, motivação, formação, retenção e a correta remuneração dos colaboradores, tornando-se fator fundamental para o sucesso do negócio. Agora e no futuro deve-se estudar, conhecer e entender como gerir corretamente os talentos das novas gerações Y e Z. Estas gerações tem valores muito diferentes daqueles pertencentes às gerações Baby boomers e X que ainda representam a maioria dos gestores desse negócio na atualidade e repetir os critérios utilizados no passado simplesmente não funciona. Motivação pecuniária continua sendo importante, mas atualmente outras passam a ser tão ou mais importantes tais como: feed-back continuo; acesso à liderança existente; flexibilidade no trabalho; oportunidades claras e objetivas no plano de carreira; consciência ambiental e social e finalmente caráter e fidedignidade dos líderes. O gráfico abaixo extraído do relatório da McKinsey demonstra bem essa realidade.
O outro patrimônio representa o conhecimento acumulado pelo negócio durante a sua existência, que deve ser catalogado, indexado, arquivado, atualizado e colocado à disposição de todos os colaboradores. Repito aqui a frase (genial) escrita no livro de Patrick DiDomenido “Knowledge Management for Lawyers”: “KM is about creating and managing the processes to get the right knowledge to right people at the right time and help people share and act on information in order to improve organization performance”.
Fazendo uma tradução livre e simplificada eu diria: Gestão do conhecimento é fornecer a informação correta para a pessoa certa no menor tempo possível de modo a aumentar a eficiência do negócio. E estamos falando dos quatro tipo de informação: as estruturadas, que não dados e números; as desestruturadas, que são os textos; as explicitas, que aquelas que existem já cadastradas em algum repertório e as tácitas, que são aquelas representadas pelos conhecimentos de cada individuo e que ainda não foram cadastradas.
Lembremos sempre: O patrimônio de um escritório de advocacia desce pelo elevador (ou escada) todos os dias e vai para casa!
Fonte: Migalhas